Os bastidores e personagens que aproximam Palmeiras e WTorre de acordo por R$ 160 mi




06 Setembro 2024 - 13h11

Os bastidores e personagens que aproximam Palmeiras e WTorre de acordo por R$ 160 mi
Executivos das duas partes e mudanças de postura alteraram o tom da relação
Por: Trivela / Diego Iwata Lima
 
Allianz Parque está na zona oeste de São Paulo (Foto: Allianz/Divulgação)

O que já foi, literalmente, caso de polícia, jamais esteve tão próximo de chegar a um final feliz. Após um semestre de repasses mensais feitos corretamente, é possível dizer que WTorre e Palmeiras nunca estiveram tão perto de um acordo pelas dívidas referentes ao Allianz Parque.

Fontes ouvidas pela Trivela atestam que as conversas entre as partes vêm acontecendo de modo a ser possível tratar como palpável um acerto para quitação dos repasses atrasados de parte a parte. Algo muito distante da realidade no começo deste ano, quando a relação entre os parceiros chegou ao pior momento.

Ainda é difícil cravar ou mesmo prever uma data, e a pressa não faz parte da equação. Mas o relacionamento nunca foi tão bom — fruto, entre outros pontos, das trocas de comando na diretoria da WTorre Entretenimento, empresa do grupo criada para gestão de espaços de eventos. Mas, também de uma mudança na postura do Palmeiras.

Vice da WTorre é “boleiro” e passou por Santos e Flamengo
Desde fevereiro deste ano, é o executivo Marcelo Frazão, hoje vice-presidente da WTorre Entretenimento, quem encabeça as negociações pelo lado da construtora. Frazão, diferentemente de executivos anteriores da empresa, é também um homem do futebol.

Antes de chegar à WTorre, ele foi diretor de novos negócios do Flamengo (2016 a 2018) e comandou o marketing do Santos (2018 a 2021). Conhecer e ser sensível aos aspectos “boleiros” da relação entre clube e construtora têm sido fundamental para as partes se relacionarem melhor.

Frazão entendeu, por exemplo, que ampliar a boa-vontade na liberação do estádio para os jogos do clube seria um movimento-chave para uma abertura maior na relação.

Tipo de pensamento simples, mas que nem sempre era observado pelos gestores anteriores. Desde o início de sua gestão, o executivo também vem pessoalmente se envolvendo na construção do calendário de eventos no Allianz Parque, de modo a diminuir o número de dias que o time fica sem seu estádio — especialmente em jogos decisivos.

Também é muito importante frisar que foi na gestão de Frazão que os repasses devidos mês a mês, parados desde 2015, recomeçaram a ser feitos — o que acalmou muito os ânimos e mudou a percepção do Palmeiras.

CEO do Palmeiras atua abaixo do radar da torcida
Pelo lado do Palmeiras, o CEO Cristiano Koehler é quem comanda as tratativas, ao lado do primeiro vice-presidente, Paulo Buosi. Koehler é uma figura silenciosa, mas fundamental no Palmeiras.

Desde abril de 2018, ele ocupa a função de CEO, executivo mais alto na hierarquia do Palmeiras.

Mas poucos são os torcedores que sabem de sua existência e de sua atuação. O CEO é o principal responsável pela gestão financeira e da governança do clube. Contando com o tempo de Palmeiras, Koehler tem 20 anos de atuação na elite do futebol brasileiro, com passagens por Flamengo, Grêmio e Vasco, entre outros.

Já Buosi, remanescente da gestão Mauricio Galiotte, que antecedeu Leila Pereira, é visto por todos como um conciliador — característica que também era atribuída ao ex-presidente. Sua participação nas negociações tende a ajudar a amenizar o clima.

Como são compostas as dívidas de Palmeiras e WTorre
O clube cobra, com encargos totais, cerca de R$ 160 milhões da companhia. O montante diz respeito aos percentuais de exploração de lojas, restaurantes, naming rights, shows e eventos conforme o estipulado em contrato assinado em 20.

Já a construtora reivindica cerca de R$ 40 milhões do Palmeiras referente a taxas de utilização e serviços nos dias de jogos. Tais como geradores de energia, manutenção e uso de eletricidade, entre outros. Tudo também registrado em contrato.

Com o conhecimento profundo da causa, pelo fato de ter sido o principal negociador para a construção do Allianz Parque, o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo declarou, em entrevista à Trivela, em fevereiro, não ter dúvida de que a WTorre vai quitar seus débitos com o Palmeiras.
 
Luiz Gonzaga Belluzzo, em sua biblioteca particular (Foto: Divulgação)

— Eu não tenho nenhuma dúvida de que eles vão ter de pagar — afirma ele.

— Hoje, o Allianz Parque, tenho certeza, é o maior gerador de receita da WTorre. Eles podem até empurrar esse pagamento, mas está tudo em contrato, a dívida é confessa. Em algum momento, a WTorre vai ter que pagar, mesmo que fazendo algum acordo, para continuar gerando receita — acredita Belluzzo.

Acordo que está cada vez mais próximo.

Como o caso Deolane Bezerra afeta o futuro do Palmeiras?
Investigação de lavagem de dinheiro envolvendo casa de apostas mexe com concorrência por patrocínico do time masculino.
Por: Trivela

Amanda Gutierres comemora gol do Palmeiras contra o Corinthians na final do Campeonato Brasileiro (Fotos: Staff Images / CBF)

O departamento jurídico do Palmeiras já está lidando com as possíveis consequências da “Operação Integration”, da Polícia Civill, para o futuro do clube. A Esportes da Sorte, patrocinadora do time feminino, é uma das casas virtuais de apostas, as conhecidas “bets”, investigadas pela força-tarefa.

Atual patrocinadora do Corinthians, a empresa chegou a abrir conversas com o Palmeiras para patrocinar o uniforme do time no masculino do Verdão, antes de fechar com o rival do Parque São Jorge.

O contrato do Palmeiras com a Crefisa, que rende ao clube R$ 81 milhões, acaba no fim deste ano. E, em meio ao processo de concorrência para o patrocínio-máster do masculino, o Alviverde foi pego de surpresa com o envolvimento da Esportes da Sorte na questão.

O aporte negociado para o time feminino, de R$ 18,5 milhões anuais, só aconteceu depois de o Palmeiras estar seguro quanto à solidez da empresa.

Palmeira acende sinal amarelo
Por conta de a empresa já patrocinar o Corinthians, já não havia chances, nem caixa, para a empresa também assinar com o Palmeiras no masculino. Mas o ponto é que a operação deflagrada nesta quarta-feira (4), que mira crimes como organização criminosa voltada à prática de lavagem de dinheiros e jogos ilegais, intensifica o sinal amarelo que já existia dentro do clube, conforme apurado pela Trivela.

As bets não estavam e não estão descartadas pelo Palmeiras. Mas a Integration que culminou, entre outras, na prisão da advogada e influencer Deolane Bezerra, ex-participante do reality show “A Fazenda”, da Record TV, mexe com o futuro do clube.

Darwin Henrique da Silva Filho, o CEO da Esportes da Sorte, outro alvo da operação, deve se apresentar às autoridades nas próximas horas, segundo a sua própria defesa. As informações são do ‘O Globo'.

Em nota, a empresa Esportes da Sorte afirma “que não teve acesso à decisão judicial que autorizou busca e apreensão em sua sede”, mas alega que tem prestado os esclarecimentos necessários nos autos do inquérito.

Isso porque já existiam incertezas sobre o futuro modelo de negócios dessas companhias depois das novas regulamentações, que já vêm sendo debatidas pelos parlamentares em Brasília e que entrarão em vigor a partir de janeiro de 2025.

No mês passado, a Betnacional retirou a oferta de R$ 100 milhões anuais que havia feito ao clube, por falta de resposta. Vale frisar que, conforme publicado pela Trivela, o clube não tem pressa e espera definir a questão apenas em outubro.

Palmeiras deve se voltar a multinacionais e empresas do setor bancário
Um dos argumentos de Everaldo Coelho, diretor de marketing do clube, para uma possível futura renovação com a Crefisa, mesmo sem reajustes, era a solidez da companhia e sua longevidade no mercado — algo que nenhuma bet, dados que suas existências foram regulamentadas a partir do governo Temer, é capaz de equiparar.

Desse modo, cresce a tendência de o Palmeiras buscar seu próximo patrocinador em outros mercados, que não o de apostas — ou até mesmo permanecer com a Crefisa.

Tanto Everaldo quanto Leila Pereira são pessoas com forte influência no setor bancário, no qual a Crefisa atua e Everaldo trabalhou antes de se juntar ao Palmeiras.

Tendo o Mundial de Clubes como um dos ganchos, o Palmeiras também vem se aproximando de marcas multinacionais.

A exposição que o clube vai ter a partir da disputa do torneio, no meio do ano que vem, no qual terá como concorrentes Real Madrid, Manchester City, Bayern de Munique e Internazionale, entre outros, será enorme e é uma carta na manga da diretoria.

  • Próximo jogo: Palmeiras x Criciúma │Brasileirão 26ª Rodada│ Data: 15/9 Hora: 16h00, Allianz Parque (Transmissão: Globo e Premiere)

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