El Mago Valdivia fala de Palmeiras: 'Tirone burro, Saudade, e pedido por post'
Com contrato no Monarcas do México, o meia chileno deu entrevista relatando que tem usado o YouTube para matar saudades do Verdão e do antigo Palestra Itália, na quarentena
- Sempre serei grato e feliz por esse sentimento de carinho da torcida. Sou um cara apaixonado pelo clube. Conheci dois clubes: um f..., lá no fundo, e um com tudo de ruim saindo do Palmeiras. Passei pelas duas fases, a complicada com a torcida invadindo CT, pegando no pé, quebrando carro de jogador, ameaçando. E tudo que passei no clube me fez amadurecer, crescer, me fez querer ainda mais o Palmeiras. É um clube muito difícil. Em fase boa, é muito lindo. Em fase ruim, e passei por muitas, é complicado, precisa aguentar pancada todo dia.
Confira abaixo um resumo dos principais temas abordados por Valdivia:
- Eu seria feliz, né? Ter um time de qualidade, dar o passe e a bola voltar redondinha, com o Vanderlei de treinador, que já conheço, e não seria uma equipe nova, em que não conheço ninguém nem posso me expressar. Esse elenco do Palmeiras é um dos melhores do Brasil e vem sendo um dos melhores de um tempo para cá - elogiou.
- Também choro vendo esses vídeos, viu? Olha o campo, o estádio lotado. Era um timaço. Além de ganhar de te fazer ganhar dinheiro, e não são todos que conseguem, nossa profissão tem isso. Posso relembrar que fui importante em uma equipe de um país que vive futebol. Quando saí do Chile, as pessoas falavam que eu voltaria em três meses. Mas posso olhar para trás e falar que sempre fui importante enquanto joguei pelo Palmeiras.
Relação com a torcida
- Somando aqui, tirando dali, no final, eu, pelo menos, sinto que é mais carinho e respeito que a torcida tem do que ódio. Fiquei em um momento difícil do clube, disputando a Série B. Na época, conversei com o Marcos e ele disse que ficar para disputar a Série B me levaria a outra categoria - lembrou o meia, apontando identificação da torcida com seu estilo.
- O torcedor palmeirense sempre me fala dessa questão de ser diferente, irreverente, pegar a bola e ir para frente, sem medo. Hoje, é muito toque para o lado, jogos muito tático. Isso fez a torcida gostar tanto de mim, se identificar com meu estilo de jogo. Nunca fiz por falta de respeito. Mas futebol está um pouquinho chato hoje. Se você acha que um jogador te menosprezou, pega a bola e vai pra cima, ganha o jogo, é simples - disse Valdivia, lembrando ainda mais um motivo para se sentir querido pelos torcedores. - Outra questão é que a mídia pegava muito no meu pé. Eles gostavam disso, e compravam a briga por mim.
Time atual x Time da época de Valdivia
- Sofremos muito na Série B, porque o Palmeiras é equipe grande, com história, tradição, campeão da Libertadores, e disputando a Série B. Era tudo novo para mim e alguns jogadores da época. Agora, tem time bom, elenco bom, café da manhã bom, almoço bom, tudo bom. Campo lotado, estádio novo... Assim, eu também queria. O elenco é muito bom, diferenciado do resto - comentou.
- Qualquer jogador queria jogar nessa fase do Palmeiras. Difícil era naquela outra fase, em que tínhamos que ganhar para não cair para a Série B ou para não cair de novo. Em 2014, joguei contra o Athletico-PR com a perna toda estourada. Tomei infiltração e, depois do jogo, tive uma abertura de perna de 20 cm, um exame mostrou que estava rompido do tornozelo até o púbis. Por isso, no fim das contas, sinto que o torcedor tem mais carinho e respeito do que ódio por mim.
Arnaldo Tirone:
- Outro que fez muito mal ao Palmeiras foi o "Mentirone". Nunca vou esquecer da foto dele na para. A gente sofrendo uma pressão danada para não cair e ele na praia. Quando vi, falei: esse cara é pior do que eu, é mais louco. Esse é burro de verdade. Às vezes, falo brincando, mas ele é burro de verdade. A gente na Série B e ele na praia, lendo jornal. Esse era burro de verdade - insistiu Valdivia
DM:
- Nunca escondi que algumas vezes a culpa foi minha, muita responsabilidade por ter uma lesão e não ter os cuidados que poderia. Acabei pagando e sofrendo as consequências na mídia, porque o torcedor vai na onda. Mas teve vezes em que não tive culpa nem responsabilidade. Joguei várias vezes sem condição nenhuma. Por exemplo: se a lesão precisava de quatro semanas, eu, com 20 dias, tinha que estar de volta para treinar e jogar, acelerava os processos, atropelava semanas de recuperação - argumentou.
- Ninguém me defendia. Era melhor a responsabilidade ser 100% do jogador do que alguém do departamento médico ou da fisioterapia dizer 'atropelamos o tratamento, a responsabilidade também é nossa'. Nunca tive essa defesa ou ajuda, sempre davam a entender que era culpa e irresponsabilidade minhas, que eu não me cuidava. Mas cheguei até a pagar do meu próprio bolso um fisioterapeuta para me ajudar a evitar lesões. Fiz muita coisa, mas não davam importância. E hoje não tem ninguém daquela época no departamento médico. Saíram todos. E era só eu que estava machucado? Não teve outros casos de lesões? Tiveram muitos...
Alexandre Mattos:
- 90% da culpa por eu não ter ficado é do Alexandre Mattos. Quando meu contrato precisava ser renovado, teve aquele negócio de produtividade. Fui muito claro que não tinha problema com isso, mas vi muita coisa estranha, que eu não aceitava porque não era certo. Se eu fosse para a seleção, não receberia salário. Achei injusto porque, quando se vai para a seleção, é um prêmio, é a melhor coisa para o jogador, mas, para mim, seria um castigo - disse.
Vanderlei Luxemburgo
- Uma vez, ele estava me xingando e não sabia se eu estava entendendo. Ele me perguntou se preferia que ele falasse em espanhol ou em português, tentou falar em espanhol e falei que era melhor ele falar em português. Quando ele falava em espanhol, eu não estava entendendo p... nenhuma. Ele achou que estava falando espanhol, mas não estava - sorriu o meia, elogiando o atual técnico do Palmeiras.
- O Vanderlei parece ser mais bravo, xingar mais, pegar mais no pé do jogador, mas é um cara muito legal e bacana. Eu o conheci em 2008, ele chegou todo marrento, chegou chegando, mas, em pouco tempo, descobri um cara legal, sincero, que não esconde nada, fala o que precisa falar. É um bom treinador, um dos melhores com quem trabalhei.
Eliminar o Corinthians da Libertadores 2018, com o Colo-Colo
- Quando saiu a chave, muitos da imprensa falaram que as quartas de final seriam Corinthians x Palmeiras. Isso me deu uma motivação extra. Além, é lógico, de a torcida do Palmeiras ter se jogado nas minhas redes sociais, falando para eliminar o Corinthians. Graças a Deus, conseguimos. Tive uma alegria gigante. O estádio estava lotado, todos me xingando. Maravilha. Foi um gosto diferente, muito especial. Nesses jogos, você joga com tudo: raça, coração, qualidade. E fui muito bem nos dois jogos, tanto no Chile quanto no campo deles.
Gratidão ao Palmeiras
- Falar em uma palavra o que significa o Palmeiras para mim é difícil, porque vivi muitas coisas no clube. Quase fui espancado pela torcida na Argentina (em 2013) e, depois, em 2014, joguei com a perna estourada, com o estádio inteiro cantando o meu nome. É isso que o Palmeiras significa na minha vida. Estive aqui embaixo e lá em cima, mas, no final das contas, é mais carinho, respeito, paixão e amor que sinto da torcida do Palmeiras por mim. Os melhores anos da minha vida no futebol eu vivi no Palmeiras. O Palmeiras fez com que eu pudesse ser conhecido internacionalmente, são poucos os jogadores chilenos que são ganhadores fora do próprio país, e sou um deles. Tudo isso o Palmeiras me deu. Vou ser sempre grato.
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